Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Várzea Alegre, realizada nesta quarta-feira, 24 de setembro, a Tribuna Livre foi ocupada por Susana Soares da Silva Andrade, mãe da Dra. Suânia Dias, para tratar do combate à violência contra a mulher. Suania foi vítima de um caso de agressão ocorrido em dezembro de 2024, cujo acusado é o vereador Maiko de Moraes (Maiko do Chapéu), ex-namorado da vítima.

A sessão contou com a participação da professora Mara Guedes, coordenadora da Casa da Mulher Cearense no Cariri, que tratou da violência política de gênero. Na sequência, Susana utilizou a Tribuna para relatar com emoção e firmeza os impactos do caso vivido por sua família.

"Foi um divisor de águas em nossas vidas. Minha filha quase integrou a estatística de feminicídio. Viemos clamar por justiça", declarou Susana. A oradora também destacou que até o momento, a família não recebeu resposta oficial da Câmara quanto ao pedido de abertura de processo de cassação do vereador envolvido, tendo sido informada apenas por meio da imprensa.

Durante sua fala, Susana citou legislações como a Lei Maria da Penha, a Lei de Tortura e o Código Penal, frisando que os fatos relatados estão documentados e devidamente protocolados junto às autoridades competentes. Ela também entregou um manifesto popular à presidente da Câmara pelo fim da violência contra as mulheres.

A presidente da Câmara, vereadora Menésia Simião (PT), abriu o momento para inscrição de parlamentares. Falaram na sequência os vereadores Ciete do Sindicato (PT), Michael Martins (PSB), Marcelo Fledson (PSB) e a própria presidente Menésia Simião.

A vereadora Ciete reforçou o compromisso com a revisão do Código de Ética da Casa. "Apresentamos uma proposta de alteração que define como quebra de decoro qualquer forma de violência contra a mulher, inclusive a violência política de gênero, dentro ou fora do mandato."

Michael Martins enfatizou o impacto social do caso. "Vocês deram uma aula para a sociedade. Espero que esta luta gere mudanças reais no acolhimento das mulheres em situação de violência", disse.

O vereador Marcelo Fledson, membro da Comissão de Ética, explicou que uma decisão judicial suspendeu temporariamente o processo de cassação, mas reafirmou seu compromisso com a apuração: "A lei é para todos. Estamos aqui para fazer justiça, não para proteger privilégios."

Ao encerrar, a presidente Menésia Simião destacou a gravidade da situação e o comprometimento da Casa: "Seguiremos firmes, dentro da legalidade, e com respeito às mulheres. Não faremos menos do que nossa obrigação."

O caso segue tramitando na esfera judicial e também na instância legislativa, com a expectativa da sociedade por justiça e responsabilização maior, visto que a Câmara aplicou a maior pena possível, afastando o parlamentar por um período de 60 dias (dois meses), após análise da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Casa Legislativa e como prevê o Código de Ética da Casa. Após esse caso, o Código Ética está tramitando no legislativo com mudanças, entre elas a que prevê cassação de mandato em caso de quebra do decoro parlamentar.

Fotos: Fábio Oliveira